Felicidade
- Meu caro amigo - Ela disse. - A amizade não se resumem a elogios, palavras simpáticas, metáforas e simbologias... Amizade quando verdadeira, quando pura, é maior que amor. É maior que muita coisa... É apenas a expressão pura da felicidade.
- Tu nem ousas sonhar do que falas.!Dessa tua mente pérfida apenas facas saem para me apunhalar, apenas palavras de dor e rancor... Fel, puro fel! Quando é que te tornaste nesse nada? Diz-me porra! - Gritou ele não a encarando. Ele sabia que lá no fundo não tinha razão nenhuma para estar a fazer aquelas acusações.
- Minha mente não é pérfida. E muito menos eu cuspo fel! Revolta essa sim tenho muita... Toda dedicada a ti. Sabes, amigos de facto amigos dizem as verdades na cara. Sendo um facto que nos deixe entremunhados ou algo que nos vaio magoar. Lembras-te de ontem? Negas-te na minha cara e hoje eu descobri tudo... E não foi da tua boca. Como achas que me senti? - A figura feminina exalta-se, mas senta-se no chão. De si jamais sairia um gesto de violência, por muito que ele o estivesse a pedir. Fez uma pausa, controlando os olhos que teimavam em arder com lágrimas de amargura ressentidas e prosseguiu - Pedi-te um único favor. Não o cumpriste. Se me queres pintar de preto e branco pinta, mas sabes que não é aí que mora a razão.
- Consta-me que também só te pedi uma coisa... E parece-me que não a cumpriste. - Respondeu irónico.
- Felicidade diz-te algo? - Questionou ela encarando-o. Por momentos ele não conseguiu evitar prender-se naquelas íris meio douradas.
- Estava a vive-la ainda há momentos...
- Pois bem imagina o seguinte: que a felicidade se mede em percentagem...
- Não estou a perceber.
- Simplesmente valias mais que 1%, tinhas um pouco mais de valor do que muita gente... Quem me apunhalou foste tu, não eu.
- Tu causas-te isto. Não quiseste ver algo bem explícito.
- Diz antes implicito. E não vale a pena discutir mais isto. Nem hoje, nem amanhã, nem nunca mais. Talvez nunca mais olhes para mim como ainda ontem o fizeste... E isso dói. Mas... - Ela levantou-se e, quase a colar rosto com rosto, olhos nos olhos prosseguiu - eu não posso compactuar com as tuas mentiras e enredos. Não vivo para ninguém, muito menos para o entreter nos seus ardis. Dói-me mas tem que ser...
- Eu nem disso quero saber. Quero que desapareças e me deixes ser feliz... Á MINHA MANEIRA! - Admoesteu a forma masculina que, contudo, possuía traços finos.
- Isso é algo que eu já ia fazer antes mesmo de o dizeres. Agora - Ela prendeu-lhe o rosto com as mãos. Ele tenta libertar-se contudo, o olhar dela ainda exerce algo desconhecido sobre ele e desiste. - Olha bem para mim. Olha bem para mim porque é a última vez que me vês. Assim o pediste. Assim o terás.
E afastou-se gradualmente sem dizer mais nada até que ele não passava de um vulto.
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